Transformação Pessoal

É como um processador de tarefas, de comportamentos, de atitudes, de forma e não de conteúdo. É o deixar de ser para passar a fazer, é o reino do domínio do inconsciente. É o automatismo, é a máquina.

Hoje, venho falar da mecanização.

Sempre que me lembro disto, vem-me à memória o conceito de Henry Ford. Consistia na produção em série e em cadeia através da estandardização, padronização e simplificação.

Cada vez mais tem-me ecoado este conceito, o conceito de homem-máquina.

Este, distancia-nos cada vez mais da nossa essência, do fator de sermos únicos neste mundo, onde o social prevalece sobre o individual, onde o pensamento de grupo se sobrepõe à autenticidade. Essa mecanização é a aceitação do sim apenas porque sim, anula o "como" e enaltece o "porquê", como um julgamento, sendo essa a maior proximidade com a opinião. Uma crítica inconsciente, moldada pelas normas sociais, daquilo que nos dizem que é correto.

Há uma coisa que me entusiasma a escrever este texto. Se o estás a ler, então, saíste da mecanização, ainda que de forma inconsciente, porque há algo na tua vida que te está a incomodar e esse incómodo vai crescendo, a cada dia, a cada situação onde antes reagias como máquina, agora, queres começar a agir consoante a tua essência.

Este primeiro passo, este passo que estás a dar, chamo-o de selfie da consciência, uma fotografia onde a câmara está finalmente virada para ti e não para o que tu vês no imediato.

  • Sabes que algo não está bem, podes ou não saber como resolver, mas sabes o que é?

Deves-te ter questionado ao longo deste tempo, o que podes fazer para alterar isso, o que é que está em falta.

Vou-te confessar uma coisa. Andei cerca de três anos a questionar-me e essa foi a minha saída da mecanização. Sim, três anos! Andei durante três anos a tirar selfies de consciência.

Essas selfies aparecem-te sobre a forma de problemas, quando os devias chamar desafios. Aparecem-te em forma de objetivos, quando os devias substituir pelo caminho que fazes até lá. Aparecem-te como zoom de um único aspeto da realidade, quando te deviam aparecer como foco sem perderes a perspetiva, a visão periférica.

Aparecem-te como porquês, quando te deviam questionar "como?", "de que forma?", "até que ponto?".

  • Até que ponto é que tens perdido na tua vida por não seres de outra forma?
  • Até que ponto as pessoas que te estimam, que te estão próximas e gostam de ti têm também perdido com isso?

Provavelmente não sabes a resposta e a bem da verdade, ainda bem, era sinal que tinhas a solução na mão e simplesmente não a usaste.

A vida dá-nos sempre mais do que uma hipótese e, nesta fase, imagina-te num cruzamento, numa bifurcação onde podes optar por voltar para trás e regressar ao automatismo, ou escolher novos caminhos. Se escolheste a segunda hipótese, então, vais sair da zona de conforto, da segurança, da previsibilidade, da mesmice, mas certamente sabes isso, pois já saíste em algum momento da tua vida da zona de conforto.

  • Como é que recordas essa experiência anterior de sair da zona de conforto?
  • O que é que sentiste quando alcançaste o que pretendias?

Em alguns casos, quando saímos da zona de conforto porque tínhamos de lutar por algo e, depois de alcançado o objetivo, nem nos apercebermos do desafio interno que tivemos de travar. Isso faz-nos esquecer o valor e o esforço que fizemos durante essa caminhada, como se fosse tudo natural. Mas sabes, não foi!  Obrigou-te a desafiares-te a ti própria. O fato de não te aperceberes do desafio interno que tiveste de travar, foi simplesmente porque todo esse processo foi inconsciente e como tal, não consegues identificar todos os mecanismos internos que te levaram a superar esse estado.

É ao sair da zona de conforto, de forma consciente, que ganhas confiança, valor, amor próprio, autoconfiança, auto estima, que te permite estar bem contigo própria e consequentemente com tudo o que te rodeia, que te permite desafiar continuamente, deixando de lado o automatismo, o Eu não sei o que não sei, o não teres a consciência que podes alterar o que quer que seja.

O Eu observador surge como o primeiro desafio da saída da zona de conforto.  Aqui, entras na fase de analisar o que está bem e o que está mal, quais são os comportamentos, aspetos positivos e negativos. Mas não é por te observares que ocorre a transformação. É preciso analisar quais são os comportamentos que impedem de seguir caminho, que te estão a bloquear, quais os teus vícios emocionais, quais os teus mecanismos de compensação internos que usas para compensar essa sensação de não-ação.

  • Que mecanismos usas de forma inconsciente para fugir da dor e que te fazem aproximar do prazer?

Muitas vezes esses mecanismos estão relacionados com comportamentos compulsivos, exteriores á nossa pessoa, algo que nos faz sentir bem, como uma explosão momentânea. Não chamarei felicidade, mas talvez alivio, o alivio de nos desviar do desconforto, da necessidade crescente de observação dos nossos comportamentos, do facilitismo e, quando assim é, tonar-se circunstancial e não existencial, é algo que para ser temos de ter, é a fuga da nossa essência.

  • Sabes agora o que é o automatismo confortável?

Situa-te; Equilibra-te; Renasce!

O que é que verdadeiramente queres SER?

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