Tenho aprendido ao longo destes anos, que, aquilo que me incomoda, tem muito a dizer sobre mim.

O que é que a dor emocional que sentes, diz sobre ti?

Há alturas em que mesmo rodeados de pessoas nos sentimos no meio da solidão, como se existisse uma barreira entre nós e o resto, em que tudo entra no campo da incompreensão, do isolamento emocional e com isso, de uma necessária proteção, que levada ao seu nível mais profundo, ao isolamento.

Não falo de isolamento físico, da falta de convivência, esse, por si, é um tónico para nos afastar da dor e aproximar do prazer. É como fazer “pause” nesta odisseia constante de sentir que algo não está bem, que há um caminho qualquer que temos de percorrer, mas não sabemos qual, apenas, de uma forma inconsciente, sabemos que aquele que estamos a fazer não é o nosso verdadeiro caminho.

Há um binómio nesta questão: A necessidade de estarmos sozinhos e o medo da solidão. Aqui, divido a solidão em duas vertentes, a solidão que dói e a solidão que cura. A necessidade de estarmos connosco próprios e o medo que isso nos leve á solidão. Aqui, neste medo confortável, entram as crenças, aquelas verdades que teimamos em validar, quase como auto profecias, impossíveis de evitar, elas auto comprovam-se pelos nossos comportamentos “Eu já sabia que era assim!”. A solidão é por si uma defesa que nos mantém na nossa zona de conforto, evitando assim a dor.

É normal confundir afastamento com solidão, mas, existem alturas em que temos que nos reequilibrar, tal é a falta de conexão com o que nos rodeia e, quando assim é, torna-se fundamental questionarmo-nos “Qual é a falta que sentimos fora que inconscientemente não temos em nós?”

A solidão nasce de uma profunda sensação de vazio e isolamento, de uma possível falta de identidade em determinada altura da vida, muito mais do que um sentimento que requer a companhia de alguém. Ela pode manifestar-se em sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Estar sozinho é, muitas vezes, positivo, traz alivio emocional, paz.

De que forma estás a contribuir para a manutenção dessa situação?

A dúvida de identidade leva-nos á solidão, pois se não estamos conectados verdadeiramente connosco, é impossível estar em sintonia com o resto. As perguntas mais difíceis de responder são aquelas mais fáceis de fazer. Nesta questão da identidade, surge sempre aquela pergunta quase filosófica, mas que desse tema não tem nada. Quem? Quem sou Eu?

Estas perguntas remetem-nos para o nosso inconsciente, perguntas que raramente fazemos, ou quando fazemos, dificilmente encontramos uma resposta que nos satisfaça no imediato e, quando assim é, considero-as perguntas chave, fugindo novamente para o automatismo, evitando a dor.

 

Sabes?! Eu adoro estar sozinho, abraçar esses momentos de introspeção, sabendo que necessito deles para me reequilibrar, sentindo-me preenchido pelo mundo e pelo que me rodeia. Já gostei da solidão para me afastar de situações com as quais não sabia lidar e assim fugir da dor. Essa era uma sensação de frustração, pois estava sozinho por defesa e não por necessidade.

E tu?! Estás sozinha ou estás isolada? Do que é que sentes falta verdadeiramente?